O aumento significativo das demissões por justa causa em janeiro de 2024, atingindo um recorde em uma década, aponta para uma mudança no panorama do mercado de trabalho no Brasil. Com 39.511 casos, representando 2,09% dos mais de 1,8 milhão de desligamentos totais no mês, este fenômeno reflete uma dinâmica que está sendo observada pelos especialistas.
Segundo Ronan Mairesse, especialista em carreiras, desenvolvimento humano e liderança, o comportamento dos profissionais está desempenhando um papel crucial nesse aumento. Ele aponta para um distanciamento social causado pela pandemia, acompanhado por ansiedade e irritabilidade, como fatores que contribuem para um ambiente propício a desentendimentos e insubordinação no local de trabalho.
Esse padrão de comportamento, embora exacerbado pelas circunstâncias recentes, não é novo. Mairesse destaca que há uma década já se observava um cenário semelhante, embora fosse influenciado mais por fatores políticos do que por eventos globais como a pandemia.
O advogado Alexandre Magno esclarece os critérios nos quais uma demissão por justa causa pode ocorrer, desde condutas graves como furto, violação de segredo da empresa e assédio até questões de desempenho e disciplina.
Alexandre Magno também atribui parte desse aumento ao que ele chama de falta de produtividade ou compromisso dos funcionários, que estão "mais sensíveis emocionalmente" e tendem a mudar de emprego com mais frequência.
É dentro desse contexto que surge o conceito de "quite quitting" ou "demissão silenciosa", especialmente associado à geração Z. Essa geração, nascida entre 1996 e 2010, tende a ter uma visão diferente do trabalho e da qualidade de vida, o que pode influenciar sua abordagem ao emprego.
Em suma, o aumento das demissões por justa causa em 2024 reflete não apenas problemas individuais de conduta, mas também mudanças mais amplas na cultura organizacional e nas expectativas dos trabalhadores.
Foto: Alexandre Magno Advogados Associados
