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MEIO AMBIENTE

Transperdida: uma emocionante jornada no coração do Vale do Aço

Acompanhe esta experiência incrível e inesquecível, desvendando os encantos de uma trilha especial dentro do PERD; assista ao vídeo

Publicado em 19/11/2023 às 18:27
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Vista Aérea do PERD, na região da Travessia Transperdida (Foto: Portal da Cidade Ipatinga)

Grupo de participantes da Travessia Transperdida (Foto: Portal da Cidade Ipatinga)

No coração do Vale do Aço, em Minas Gerais, dentro do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), encontra-se uma trilha que desafia os aventureiros: a Travessia Transperdida. Esta jornada fascinante leva os exploradores para uma imersão profunda na natureza, em uma parte praticamente intocada da mata atlântica, revelando paisagens de tirar o fôlego e proporcionando uma conexão única com o ambiente ao redor.

Sobre o PERD

O Parque Estadual do Rio Doce é uma unidade de conservação, administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) e está situado na porção sudoeste do Estado, na região do Vale do Aço, inserido nos municípios de Marliéria, Dionísio e Timóteo, margeado pelo rio Doce em cerca de 43 Km do seu leito, separando o PERD dos outros municípios vizinhos. Em seus 35.976 hectares, a unidade de conservação abriga a maior floresta de mata atlântica de Minas Gerais.

Sua rica diversidade natural abriga árvores centenárias, 70 espécies de mamíferos e mais de 300 espécies de pássaros catalogados, grande diversidade de flora e espécies de peixes que habitam os 42 lagos do Parque.

O PERD ainda oferece diversas atividades de lazer, como banhos, passeios de barco, pesca esportiva e caminhadas pelas trilhas no meio da mata atlântica. Além disso, oferece uma infraestrutura completa para atendimento a turista e pesquisadores: portaria, estacionamento, área de camping, alojamento, vestiários, restaurante, anfiteatro, biblioteca especializada, videoteca, Centro de Visitantes, Centro de Pesquisas, Viveiro e posto de Polícia do Meio Ambiente.

Saiba mais sobre o PERD: @parque.riodoce

Vista aérea da mata atlântica do PERD, na região da Travessia Transperdida - Foto: Portal da Cidade Ipatinga

Travessia Transperdida

A travessia foi aberta ao público neste ano de 2023, inicia-se em Timóteo, no Centro de Visitantes do Macuco, no bairro deste mesmo nome, com a proposta de trazer para a população do Vale do Aço a oportunidade de conhecer este pedaço quase intocado de mata atlântica. Logo no início, a trilha atravessa o ribeirão Belém, que nasce no município de Marliéria, percorre uma grande extensão do PERD até desaguar no rio Doce. Inúmeras árvores centenárias são avistadas em todo o trajeto, tais como Jequitibá, Peroba amarela, Gameleira, Vinhático e Sapucaia, com destaque desta possuir o maior fruto da mata atlântica, além de fauna, com chance de avistar os Muruquis do Norte, que são os maiores primatas das Américas, aves como Macuco, Jaó, Anu Coroca, Papagaio Moleiro e as Tiribas.

Gameleira centenária na Travessia Transperdida - Foto: Portal da Cidade Ipatinga

Seguindo a trilha, passa-se pela lagoinha e a lagoa Juquita, onde fica o ponto de parada para descanso, e depois, chega-se na cachoeira do Belém, onde o ribeirão Belém deságua no rio Doce, finalizando a trilha com a chegada na Ponte Perdida, localizada sobre o rio Doce.

Gecimar Martins, chamado carinhosamente por todos de Cimar, guia credenciado pelo PERD, explica que “a formação do parque originou-se de tremores e movimentações de placas, com o Rio Doce adentrando a região sul do parque, contribuindo para a formação dos lagos, juntamente com chuvas e inundações. Depois o rio Doce mudou o curso dela e percorre 43 km na borda do parque. São 42 lagos preservados dentro da área do PERD e cerca de 262 lagos no entorno, totalizando 305 lagos, o que coloca a região como a terceira mais importante em aglomeração de lagos naturais, atrás da Amazônia e Pantanal”.

Após 6 km de caminhada, o grupo chega à lagoa Juquita, ponto de descanso e com uma vista deslumbrante. Rafael Félix, guia credenciado do PERD, explica que “os lagos do parque tem um formato dendrítico, o que, junto com as depressões interplanálticas, favorece a comunicação entre os lagos. O lago Juquita é um dos maiores lagos do PERD e com espelho d’água fantástico”.

Lagoa Juquita, um dos maiores lagos do PERD - Foto: Portal da Cidade Ipatinga

Após o descanso, o grupo segue a trilha e, no caminho, o guia Cimar identifica uma demarcação de território feito por onças. “ A demarcação é feita com uma raspadinha do chão com suas patas, em trilhas, chamados de scrape, avisando para outros bichos que estão por ali para não dividirem o mesmo território”, explica o guia.

Seguindo a trilha, o grupo se deslumbra com uma bela cachoeira no ribeirão Belém, já próximo à sua foz no Rio Doce, local frequentado por diversos animais da fauna do PERD, sendo possível identificar inúmeras pegadas na região, as que mais chamam a atenção são das Antas, o maior mamífero da reserva.

Cachoeira localizada no Ribeirão Belém - Foto: Portal da Cidade Ipatinga

Ao final da jornada, o grupo avista o rio Doce e uma imponente ponte, a Ponte Perdida, com acesso para veículos somente pela margem direita do rio Doce. A ponte foi embargada na década de 70 e o acesso à margem esquerda, já dentro do PERD, é feito por uma escada.

“Na década de 50 iniciou-se a construção desta ponte, que ligaria a região de Revés do Belém ao Vale do Aço, que foi embargada em 1973, ficando perdida por muito tempo. Com a construção desta estrada que atravessaria o PERD, criaria outro fragmento de mata atlântica com grande impacto ambiental à fauna e à flora” disse Cimar.

 Na Ponte Perdida existe uma placa com os seguintes dizeres: "A ponte do Revés do belém ficou famosa no ano de 1973, quando um grupo de políticos pretendia construir uma estrada seccionando o Parque do Rio Doce. A construção da ponte foi relatada pelo servidor do Instituto Estadual de Florestas, Célio Moreira, às organizações ambientalistas então parceiras do Instituição. As entidades mineiras Centro para Conservação da Natureza em Minas Gerais e Sociedade Ornitológica Mineira, destacadas na figura do Ambientalista Hugo Werneck e com apoio de outros conservacionistas, como Mário Viegas, empreenderam uma mobilização para evitar que a ponte se tornasse um ponto de trânsito de veículos, o que acarretaria sérios problemas à Unidade de Conservação. O esforço surtiu efeito e as obras foram paralisadas simbolizando um marco na luta do movimento ambientalista no Brasil. Graças à liderança de Hugo Werneck e seus companheiros, entre os quais o Prof. Ângelo Machado e Célio Valle, agora a ponte irá servir ao Parque, abrigando a Unidade de Apoio à Pesquisa e Fiscalização do Revés de Belém, obra que irá beneficiar a comunidade mineira, a rica natureza do Rio Doce e toda a exuberante Mata Atlântica".

Hoje o IEF mantem um laboratório de pesquisas e alojamentos para pesquisadores envolvidos em diversos projetos de pesquisas, como o Projeto Tatu Canastra, Projeto Muruquis, Projeto Harpia, Projeto Bicudos e Projeto Carnívoros do Rio Doce. O Projeto Tatu Canastra é destaque, pois trata-se do maior tatu do mundo, e talvez essa seja a última população viável de tatus canastra da mata atlântica, só existindo hoje no Parque Estadual do Rio Doce. Eles são considerados os engenheiros ecológicos e suas as tocas servem de casas para muitas espécies, no PERD mais de 60 espécies usam a tocas dos tatus canastras direta e indiretamente.

Ponte Perdida, localizada sobre o Rio Doce - Foto: Portal da Cidade Ipatinga

Rodrigo Nascimento, um dos participantes desta jornada, disse que “a população da nossa região deveria ter conhecimento sobre esta preciosidade que temos aqui e começar a se interessar mais, vir conhecer esta maravilha, estas árvores centenárias e os animais silvestres nativos, a nossa verdadeira origem, o nosso bioma originário”.

Guilherme Campos, também participante da trilha, fala que foi “uma excelente experiência esta travessia, saindo de Timóteo e chegando ao Revés do Belém, costumo falar que temos um patrimônio, podendo contemplar esta maravilha que é o nosso rio Doce. Para quem não sabe, temos populações de onças pintadas, tatu canastra e diversos outros projetos e que a comunidade precisa interagir mais, vir, observar pássaros. A população precisa conhecer mais para poder valorizar, conhecendo para preservar”.

Como fazer a Travessia Transperdida?

Todas a população pode fazer esta trilha, devendo fazer seu agendamento prévio com um dos guias credenciados do Parque Estadual do Rio Doce.

Recomenda-se um bom preparo para caminhada em meio à mata em um trajeto que dura cerca de 6 horas, com moderados aclives e declives. Importante levar lanche e uma boa quantidade de água, pois não há pontos de coleta de água potável no trajeto.

Outras trilhas estão disponíveis no PERD e os guias credenciados podem ser contatados pelo instagram @parque.riodoceguias ou no instagram do PERD: @parque.riodoce.


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